O renomado especialista em cirurgia cardíaca e procedimentos valvares minimamente invasivos, Dr. Tsuyoshi Kaneko, MD, explica a diferença significativa na recuperação e na qualidade de vida de pacientes idosos com estenose aórtica tratados com TAVR (substituição valvar aórtica transcateter) em comparação à cirurgia cardíaca aberta tradicional. Ele ilustra essa diferença por meio de um estudo de caso envolvendo dois homens de 90 anos e projeta um futuro em que as tecnologias transcateter dominarão o tratamento de doenças valvares cardíacas.
TAVR versus Cirurgia Cardíaca Aberta para Estenose Aórtica em Pacientes Idosos
Navegar para a Seção
- Comparação da Recuperação: TAVR versus Cirurgia
- Caso Clínico: Cirurgia Cardíaca Aberta
- Caso Clínico: Procedimento TAVR
- Benefícios da TAVR na Qualidade de Vida
- Futuro da Cirurgia Cardíaca Minimamente Invasiva
- Avanços Rápidos na Tecnologia
Comparação da Recuperação: TAVR versus Cirurgia
O Dr. Tsuyoshi Kaneko apresenta uma comparação clínica impactante entre dois pacientes nonagenários com estenose aórtica grave. Este estudo de caso ilustra a evolução significativa nas opções de tratamento, contrastando a recuperação longa e difícil da cirurgia cardíaca aberta tradicional com a recuperação acelerada proporcionada pelo Implante Percutâneo de Válvula Aórtica (TAVR). A diferença na experiência pós-operatória desses dois pacientes igualmente saudáveis evidencia uma mudança de paradigma no cuidado cardíaco.
Caso Clínico: Cirurgia Cardíaca Aberta
O Dr. Tsuyoshi Kaneko descreve o primeiro paciente, submetido à troca cirúrgica da válvula aórtica há cerca de dez anos. Apesar de muito saudável e funcional para a idade, sua recuperação foi prolongada e desafiadora. Ele permaneceu uma semana no hospital, mas foi readmitido seis semanas depois com complicações, como derrame pleural, necessitando de terapia diurética intensiva com Lasix.
O Dr. Kaneko ressalta que, embora o paciente tenha se recuperado, o processo levou mais de seis meses para que ele readquirisse plenamente sua força. Essa convalescença prolongada fez com que o paciente perdesse efetivamente meio ano de seu tempo restante em recuperação — uma consideração crucial de qualidade de vida frequentemente subestimada em estudos clínicos.
Caso Clínico: Procedimento TAVR
O segundo paciente nonagenário foi tratado recentemente com o procedimento minimamente invasivo TAVR. O Dr. Kaneko explica que o TAVR foi realizado por via percutânea através da artéria femoral na virilha, eliminando a necessidade de abrir o tórax. Importante destacar que o procedimento foi feito sem anestesia geral, permitindo que o paciente permanecesse acordado durante toda a troca valvar.
A recuperação foi notavelmente rápida. O Dr. Kaneko observa que o paciente recebeu alta no primeiro dia pós-operatório. Em acompanhamento ambulatorial um mês depois, ele já estava ativo em seu jardim. Mais impressionante ainda, um ano após o procedimento, o paciente relatou sentir-se melhor do que nunca — um contraste marcante em relação aos seis meses de recuperação do paciente submetido à cirurgia.
Benefícios da TAVR na Qualidade de Vida
O Dr. Kaneko destaca um ponto crucial: embora o TAVR possa não ser superior à cirurgia em todos os aspectos, a experiência de recuperação é "completamente diferente". A redução drástica no tempo de internação e o retorno rápido às atividades normais e aos hobbies representam um benefício significativo na qualidade de vida de pacientes idosos. Esse tempo de recuperação acelerado é um fator que, segundo o Dr. Kaneko, não é suficientemente discutido na literatura médica nem capturado pelas medidas tradicionais de desfechos.
Em entrevista com o Dr. Anton Titov, o Dr. Kaneko enfatizou que a preservação do tempo valioso e da independência do paciente é uma consideração primordial, especialmente para nonagenários, para os quais cada momento é precioso.
Futuro da Cirurgia Cardíaca Minimamente Invasiva
O Dr. Kaneko vê nesses dois casos um microcosmo do futuro da cirurgia cardíaca. Ele prevê uma transição expressiva da cirurgia cardíaca aberta tradicional para uma ampla gama de procedimentos transcateter minimamente invasivos. Essa inovação está se expandindo além da válvula aórtica, incluindo dispositivos transcateter para tratar doenças mitral e tricúspide, e até aneurismas da aorta ascendente — todos atualmente em investigação.
O Dr. Kaneko comenta ao Dr. Anton Titov que, embora o conhecimento sobre cirurgia cardíaca aberta deva ser preservado, sua prevalência certamente diminuirá. Essa evolução, afirma ele, é benéfica, pois "proporciona um cuidado melhor aos pacientes", que é o objetivo final da área.
Avanços Rápidos na Tecnologia
O ritmo de mudança na cirurgia cardíaca está acelerando em um nível sem precedentes. O Dr. Kaneko reflete que, há apenas cinco anos, o sucesso atual do TAVR era inimaginável. Ele expressa grande entusiasmo tanto para cirurgiões cardíacos quanto para futuros pacientes, prevendo com confiança que os próximos cinco anos trarão dispositivos e procedimentos que sequer podemos conceber hoje.
Esse sentimento, compartilhado em sua conversa com o Dr. Anton Titov, destaca uma era transformadora na medicina, na qual técnicas minimamente invasivas estão melhorando rapidamente os desfechos dos pacientes e redefinindo os padrões de cuidado para doenças estruturais do coração.
Transcrição Completa
Dr. Anton Titov: Substituição da válvula aórtica por TAVI/TAVR no paciente muito idoso. Existe um caso clínico que você poderia discutir? Por favor, comente uma situação médica que ilustre alguns dos pontos abordados em nossa conversa.
Dr. Tsuyoshi Kaneko: Sim, gostaria de compartilhar um caso. A mensagem central é como será o futuro da cirurgia cardíaca.
Dr. Tsuyoshi Kaneko: Atendi dois pacientes nonagenários semelhantes. O primeiro, tratado há cerca de dez anos, foi submetido à cirurgia cardíaca aberta para substituição da válvula aórtica. Era um nonagenário muito saudável e funcional. Teve um bom resultado pós-operatório e ficou cerca de uma semana no hospital.
No entanto, foi readmitido cerca de seis semanas depois. Ainda estava em processo de recuperação, com acúmulo de líquido no tórax. Administramos Lasix, um diurético, em doses elevadas. Ele se recuperou, mas o processo levou mais de seis meses — cerca de seis a oito meses para recuperar totalmente a força e o bem-estar.
Tratando-se de um paciente de 90 anos, ele basicamente perdeu seis meses de seu tempo restante.
Por outro lado, tratei recentemente outro homem de 90 anos, também muito saudável. Hoje, podemos tratar a estenose aórtica com TAVR.
Dr. Tsuyoshi Kaneko: Esse paciente realizou o TAVR, um procedimento minimamente invasivo de implante percutâneo da válvula aórtica. Acessamos pela virilha, por meio da artéria femoral, sem necessidade de abrir o tórax. Fizemos o procedimento sem anestesia geral, e o paciente permaneceu acordado durante todo o tempo.
Após o TAVR, ele se saiu muito bem e recebeu alta no dia seguinte.
Dr. Tsuyoshi Kaneko: Cerca de um mês depois, no acompanhamento ambulatorial, ele já estava cuidando do quintal e do jardim, com ótima evolução. Um ano após o procedimento, ele relatou sentir-se melhor do que nunca.
Não afirmo que o TAVR seja completamente superior à troca cirúrgica da válvula aórtica.
Dr. Anton Titov: Mas é evidente que a recuperação é completamente diferente. Para um paciente de 90 anos, a rapidez na recuperação pós-procedimento é um aspecto pouco explorado na literatura médica. A importância dessa recuperação acelerada é subestimada. Acredito que ela seja muito significativa.
Dr. Anton Titov: Os pacientes passam menos tempo no hospital e retomam mais rapidamente suas atividades preferidas. Esse componente de qualidade de vida é realmente subvalorizado no TAVI/TAVR. É difícil de medir, mas sua relevância é inegável.
Dr. Tsuyoshi Kaneko: Acredito que veremos cada vez mais procedimentos minimamente invasivos no futuro. Já existem dispositivos transcateter para as válvulas mitral e tricúspide, e para aneurismas da aorta ascendente, todos em fase de investigação.
Esses procedimentos estão em desenvolvimento, e em breve testemunharemos uma mudança dramática em direção à cirurgia cardíaca minimamente invasiva.
Dr. Anton Titov: Ou seja, a cirurgia cardíaca aberta tradicional tende a diminuir, feliz ou infelizmente. Ainda precisamos saber realizá-la, mas sua frequência certamente será reduzida.
Dr. Tsuyoshi Kaneko: No entanto, isso resultará em um cuidado melhor para os pacientes — que é a nossa missão.
Estamos muito entusiasmados com o momento atual da cirurgia cardíaca e com as perspectivas para os pacientes cardíacos no futuro.
Dr. Anton Titov: São casos muito reveladores sobre o que está por vir. Sim, e estamos caminhando nessa direção.
Dr. Tsuyoshi Kaneko: Há cinco anos, ninguém imaginaria que o TAVR teria tanto sucesso. Daqui a cinco anos, teremos novos dispositivos que nem sequer concebemos hoje. A cirurgia cardíaca está mudando muito rapidamente.
Dr. Anton Titov: Muito obrigado, Dr. Kaneko! Espero poder retomar esse assunto no futuro e conversarmos mais sobre procedimentos cardíacos minimamente invasivos.
Dr. Tsuyoshi Kaneko: Sim, muito obrigado!