**Aneurisma Cerebral Complexo: Abordagem Endovascular e Neurocirurgia Aberta — Relato de Caso Clínico 4**

**Aneurisma Cerebral Complexo: Abordagem Endovascular e Neurocirurgia Aberta — Relato de Caso Clínico 4**

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O renomado neurocirurgião vascular e endovascular, Dr. Peng Chen, MD, explica como uma abordagem cirúrgica combinada — aberta e endovascular — tratou com sucesso dois aneurismas cerebrais gigantes e complexos em um adolescente, destacando o processo decisório crítico para alcançar os melhores resultados para o paciente.

Abordagens Cirúrgicas Combinadas para o Tratamento de Aneurismas Cerebrais Complexos

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Caso de Aneurisma Complexo em um Adolescente

O Dr. Peng Chen, MD, relata um caso emblemático de um paciente de 16 anos que chegou ao hospital no dia do seu aniversário com uma cefaleia intensa. O jovem apresentava uma estrutura cerebrovascular congênita complexa associada a alterações no tecido conjuntivo, o que levou ao desenvolvimento de dois aneurismas gigantes dissecantes. Este caso ilustra bem a complexidade dos atendimentos em um grande centro neurocirúrgico, onde cerca de metade dos procedimentos envolve patologias de alta complexidade.

Sintomas e Apresentação do Aneurisma

Os sintomas do adolescente, que começaram na véspera de Natal, foram causados pelo crescimento rápido de um dos aneurismas. O Dr. Peng Chen identificou duas lesões em locais críticos: uma na artéria cerebral média (ACM) esquerda e outra na artéria comunicante anterior (ACom). O aneurisma da ACM era particularmente grande, com cerca de 7 centímetros, um tamanho que indica uma condição de alto risco e com potencial fatal, demandando intervenção imediata e especializada.

Cirurgia Aberta com Bypass para Aneurisma da ACM

Para o aneurisma dissecante gigante de 7 cm na ACM, o tratamento endovascular não era viável, pois toda a parede do vaso estava comprometida. Conforme explica o Dr. Peng Chen, a única solução foi realizar um bypass cirúrgico, mais especificamente uma anastomose. Essa técnica microcirúrgica aberta consiste em redirecionar o fluxo sanguíneo para o hemisfério cerebral esquerdo, conectando uma artéria doadora a uma receptora e criando um novo trajeto que contorna o segmento afetado.

Tratamento Endovascular e Embolização com Molas

Após o sucesso do bypass, a etapa seguinte empregou técnicas endovasculares. Com o fluxo sanguíneo já redirecionado com segurança, o aneurisma gigante foi ocluído. O Dr. Peng Chen destaca que isso foi feito por meio de métodos endovasculares, que geralmente envolvem a navegação de cateteres pelos vasos até o aneurisma para implantar molas (embolização) ou outros dispositivos que promovem a oclusão e previnem a ruptura.

Segunda Cirurgia para Reconstrução do Aneurisma da ACom

Depois de uma recuperação bem-sucedida dos primeiros procedimentos — que inclusive incluiu uma viagem para esquiar —, o paciente retornou meses depois para tratar o segundo aneurisma. O Dr. Chen realizou outra cirurgia aberta para reconstruir o aneurisma da artéria comunicante anterior (ACom). Essa abordagem em etapas permitiu o manejo seguro e eficaz de ambas as lesões complexas, resultando em um desfecho favorável para o jovem.

Fatores na Tomada de Decisão do Tratamento

A escolha entre cirurgia aberta, técnicas endovasculares ou uma combinação das duas baseia-se em uma análise criteriosa da estrutura e localização de cada aneurisma. Como ressalta o Dr. Peng Chen, o plano de tratamento é personalizado para oferecer o melhor resultado a longo prazo com o menor risco cirúrgico. Fatores determinantes incluem tamanho do aneurisma, tipo (dissecante ou sacular), proximidade com ramos vasculares críticos, além da saúde geral e anatomia do paciente.

Benefícios de uma Abordagem Cirúrgica Multimodal

A combinação de clipagem microcirúrgica aberta com embolização por molas ou stents endovasculares oferece um arsenal versátil aos neurocirurgiões. O Dr. Chen conclui que essa estratégia multimodal permite tratar múltiplos aneurismas em diferentes regiões cerebrais da forma mais segura possível. Essa abordagem individualizada, que pondera resultados de longo prazo, riscos procedimentais e preferências do paciente, é essencial para obter excelentes desfechos sem complicações em neurocirurgia vascular complexa.

Transcrição Completa

Dr. Anton Titov, MD: No ano passado, você realizou cerca de 700 procedimentos cirúrgicos. Há algum caso em particular que considere emblemático para ilustrar a combinação de técnicas endovasculares e de cirurgia aberta que você aplica aqui em Houston?

Dr. Peng Chen, MD: Este é um centro muito movimentado, provavelmente o mais ativo do Texas. Felizmente, temos grande demanda, embora nem todos os casos de neurocirurgia sejam extremamente complexos. Cerca de metade dos procedimentos que realizamos, no entanto, envolvem alta complexidade, incluindo cirurgia aberta e tratamento endovascular.

Alguns casos se beneficiam especialmente da combinação de abordagens. Posso citar o exemplo de um adolescente que operei há cerca de quatro anos. Ele completou 16 anos e, justamente no aniversário, na véspera de Natal, teve uma cefaleia intensa. Descobriu-se que ele tinha uma anatomia cerebrovascular muito complexa.

Ele nasceu com algumas condições congênitas, incluindo alterações no tecido conjuntivo. Por isso, desenvolveu dois aneurismas gigantes do tipo dissecante. Um afetava a artéria cerebral média (ACM) esquerda, e o outro, a artéria comunicante anterior (ACom). Eram dois aneurismas gigantes em configurações distintas.

Os sintomas na admissão foram decorrentes do crescimento rápido do aneurisma, principalmente do lado esquerdo. O aneurisma dissecante da ACM media cerca de 7 centímetros — um tamanho considerável para um aneurisma cerebral. Para esse caso, o tratamento endovascular não era opção, pois todo o vaso estava fragilizado.

A única solução foi fazer um bypass, uma anastomose, para substituir o fluxo sanguíneo para o hemisfério cerebral esquerdo. Foi o que realizamos e, em seguida, ocluímos o aneurisma com técnica endovascular.

Ele se recuperou bem, a ponto de fazer uma viagem para esquiar. Meses depois, retornou para outra cirurgia. Reconstruímos com sucesso o aneurisma da ACom por meio de cirurgia aberta. ACom é a artéria comunicante anterior.

Esse é um exemplo de como tratamos pacientes com múltiplos aneurismas em diferentes áreas do cérebro. A localização e a estrutura de cada aneurisma determinam se a cirurgia aberta é mais indicada ou não, assim como o risco do procedimento.

Alguns pacientes com múltiplos aneurismas se beneficiam mais de técnicas endovasculares, como embolização com molas ou colocação de stents. Em outros, optamos pela clipagem cirúrgica. A combinação de métodos permite um ótimo resultado, sem complicações.

Isso é algo que fazemos com frequência. Avaliamos cada paciente individualmente e recomendamos a melhor estratégia, considerando o resultado em longo prazo, o risco cirúrgico e as preferências do paciente.