O renomado especialista em neurologia e esclerose múltipla, Dr. Paul Matthews, explica como a medicina estratificada aprimora o tratamento. Ele detalha como agrupar pacientes por características da doença e prognóstico orienta as escolhas terapêuticas. O Dr. Paul Matthews também aborda a transição da medicina estratificada para a medicina de precisão personalizada, descrevendo o uso de exames clínicos e ressonância magnética (RM) para monitorar a atividade da doença e personalizar o tratamento de acordo com cada paciente.
Otimização do Tratamento da Esclerose Múltipla com Medicina Estratificada e de Precisão
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- Medicina Estratificada Explicada
- Importância na Esclerose Múltipla
- Subgrupos Clínicos e Prognóstico
- Informando Decisões de Tratamento
- Medicina Personalizada de Precisão
- Monitoramento da Atividade da Doença
- Transcrição Completa
Medicina Estratificada Explicada
O Dr. Paul Matthews, MD, define medicina estratificada como uma abordagem clínica que reconhece a heterogeneidade entre os pacientes. Ele explica que nem todos com um mesmo diagnóstico são iguais. Pelo contrário, existem subgrupos distintos dentro de uma categoria diagnóstica mais ampla, os quais compartilham características clínicas e evolutivas semelhantes.
Esse conceito é fundamental para superar o modelo de tratamento único. Permite que os médicos classifiquem os pacientes com maior precisão, levando a melhores previsões sobre a evolução da doença e a resposta terapêutica.
Importância na Esclerose Múltipla
A aplicação da medicina estratificada é especialmente relevante na esclerose múltipla. O Dr. Paul Matthews, MD, ressalta que a EM é uma síndrome, e não uma doença única com causa bem definida. Essa variabilidade inerente faz com que os pacientes apresentem trajetórias muito diversas, além de respostas variadas aos medicamentos disponíveis.
Em conversa com o Dr. Matthews, o Dr. Anton Titov, MD, destaca o papel dessa abordagem na melhoria do cuidado. Compreender tais diferenças é o primeiro passo para otimizar a terapia, ajudando a equilibrar benefícios e riscos do tratamento para cada subgrupo de pacientes.
Subgrupos Clínicos e Prognóstico
O Dr. Paul Matthews, MD, identifica três grandes subgrupos prognósticos na esclerose múltipla. Um pequeno grupo evolui de forma muito lenta, mesmo sem tratamento. Outro, também minoritário, apresenta um curso altamente agressivo ou maligno.
A maioria dos pacientes se enquadra em uma categoria intermediária. Classificar um novo diagnóstico em um desses subgrupos é uma etapa inicial crucial, fornecendo informações valiosas sobre o prognóstico e servindo de base para discussões e decisões terapêuticas subsequentes.
Informando Decisões de Tratamento
A medicina estratificada orienta diretamente as escolhas terapêuticas iniciais na esclerose múltipla. O Dr. Paul Matthews, MD, explica como a classificação em subgrupos direciona a seleção do tratamento. Para pacientes de perfil mais benigno, pode-se optar por acompanhar sem intervenção imediata. Já naqueles com maior risco de progressão, o início do tratamento é mais urgente.
Essa abordagem também influencia a escolha entre medicamentos de primeira linha e terapias de alta eficácia – estas últimas, embora mais potentes, costumam apresentar maior risco de efeitos adversos. A estratificação ajuda a garantir que os benefícios de um tratamento mais intensivo justifiquem os riscos para cada subgrupo específico.
Medicina Personalizada de Precisão
O Dr. Paul Matthews, MD, descreve a medicina personalizada como a evolução natural da estratificação. Enquanto a medicina estratificada define grupos, a de precisão foca no indivíduo, buscando entender como cada paciente responde ao tratamento em curso.
O objetivo é identificar o medicamento mais adequado para aquela pessoa. Em diálogo com o Dr. Matthews, o Dr. Anton Titov, MD, discute essa abordagem, que representa o mais alto padrão de cuidado – migrando de previsões baseadas em grupos para uma terapia verdadeiramente individualizada.
Monitoramento da Atividade da Doença
A implementação da medicina de precisão exige o acompanhamento rigoroso da atividade da esclerose múltipla. O Dr. Paul Matthews, MD, descreve as principais ferramentas usadas na prática clínica: parâmetros como taxa de surtos e progressão da incapacidade são monitorados ao longo do tempo.
A neuroimagem é um pilar desse acompanhamento. Ressonâncias magnéticas avaliam a atividade da doença, como o surgimento de novas lesões hiperintensas em T2, e medem alterações no volume cerebral – um marcador de neurodegeneração. Essa avaliação contínua permite ajustar o tratamento com base na resposta individual.
Transcrição Completa
Dr. Anton Titov, MD: O tratamento de doenças neurológicas é muito caro e, muitas vezes, menos eficiente do que poderia ser. O senhor desenvolveu o conceito de "Medicina Estratificada" para melhorar a qualidade do cuidado a pacientes neurológicos. O que é esse conceito? Como ele auxilia no tratamento de doenças neurológicas, incluindo a esclerose múltipla?
Dr. Paul Matthews, MD: O conceito de medicina estratificada parte do princípio de que os pacientes não são todos iguais. Alguns grupos dentro de um mesmo diagnóstico comportam-se de maneira mais similar entre si do que com o coletivo como um todo. Existem subgrupos distintos de pacientes, com características de doença semelhantes, dentro de um grupo diagnóstico amplo.
No contexto da esclerose múltipla, essa ideia é especialmente importante porque a EM é uma síndrome, e não um diagnóstico específico baseado em uma causa única e precisamente reconhecida.
A importância da medicina estratificada reside no fato de que pacientes com diferentes formas de expressão de uma síndrome ou doença podem ter comportamentos, prognósticos e respostas terapêuticas distintos.
Ser capaz de prever essas diferenças é crucial para equilibrar benefícios e riscos do tratamento – ou da sua ausência – considerando que cada paciente pertence a um subgrupo com características clínicas e evolutivas semelhantes.
Vários subgrupos compõem um grupo maior dentro de uma mesma doença. Entender a qual subgrupo um indivíduo pertence é fundamental para orientar a terapia.
Um exemplo concreto na esclerose múltipla: sabemos que um pequeno grupo de pacientes evolui lentamente, mesmo sem tratamento. Outro grupo, também reduzido, tem uma progressão muito agressiva. A maioria está em uma categoria intermediária.
Após o diagnóstico, classificar o paciente em um subgrupo ajuda a tomar decisões sobre o tratamento inicial – inclusive se deve ou não ser iniciado de imediato.
Dr. Anton Titov, MD: A classificação em um grupo clínico distinto auxilia na escolha da primeira opção terapêutica.
Dr. Paul Matthews, MD: Podemos optar por um medicamento tradicional de primeira linha ou por terapias de maior eficácia, mas com perfil de risco mais elevado. Tudo isso pode ser orientado pela classificação inicial do paciente em um grupo clínico específico.
Esse é o conceito de Medicina Estratificada. A Medicina Personalizada leva esse conceito um passo adiante. Enquanto a estratificação nos diz: “esta classe de pacientes tem expectativas similares de evolução”, a personalização busca individualizar ainda mais o entendimento do curso e do prognóstico.
A medicina de precisão ajuda a entender como um paciente específico está respondendo – ou não – a um medicamento ou protocolo.
Dr. Anton Titov, MD: A medicina de precisão nos permite identificar o medicamento mais apropriado para cada indivíduo.
Dr. Paul Matthews, MD: Atualmente, usamos a Medicina Estratificada e de Precisão na EM acompanhando os pacientes de perto, tratados ou não. Acompanhamos parâmetros clínicos, como taxa de surtos e progressão da incapacidade, e usamos ressonância magnética para medir atividade da doença – como contagem de lesões T2 e alterações de volume cerebral.
Identificamos assim pacientes sem progressão, com atividade moderada ou com alta atividade da EM. Com base nisso, ajustamos o tratamento para torná-lo mais adequado a cada indivíduo.
Dr. Anton Titov, MD: Ou seja, a medicina estratificada identifica grupos com características e prognósticos similares, enquanto a medicina personalizada individualiza o tratamento para cada pessoa com EM.