Gravidez e doença crônica: quando e onde realizar o parto?

Gravidez e doença crônica: quando e onde realizar o parto?

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O renomado especialista em gestação de alto risco e doenças maternas crônicas, Dr. Marc Dommergues, MD, aborda as decisões cruciais sobre o momento, o método e o local do parto para gestantes com condições médicas preexistentes. Ele detalha a importância do planejamento multidisciplinar, envolvendo cardiologistas, anestesiologistas, endocrinologistas e obstetras, para garantir a segurança materna e neonatal, e ressalta a necessidade de aconselhamento pré-concepcional para avaliar e reduzir riscos graves à saúde.

Tratamento da Gravidez de Alto Risco com Doença Crônica: Momento do Parto e Planejamento

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Momento do Parto na Gravidez de Alto Risco

O Dr. Marc Dommergues, MD, enfatiza que a definição do momento do parto é uma decisão crucial para gestantes com doenças crônicas. Ele observa que, em certas situações, pode ser clinicamente indicado realizar o parto antes do término completo dos nove meses. Por exemplo, se uma gestante com cardiopatia apresenta sinais de deterioração da função ventricular, antecipar a data do parto pode ser uma intervenção essencial para proteger a saúde materna e fetal. Essa decisão baseia-se no monitoramento contínuo e na avaliação criteriosa dos riscos pela equipe médica.

Considerações sobre o Método de Parto e Anestesia

A escolha do método de parto é uma questão complexa que envolve obstetras e anestesiologistas, especialmente em relação ao impacto de procedimentos como a anestesia peridural na hemodinâmica materna. O Dr. Marc Dommergues, MD, explica que, para mulheres com cardiopatia, a tolerância aos esforços do trabalho de parto e os riscos de perda sanguínea aguda devem ser discutidos previamente com o cardiologista e o anestesiologista. Apesar desses desafios, o parto vaginal geralmente ainda é viável, podendo ser facilitado por técnicas que evitam esforços excessivos, garantindo maior segurança para a mãe.

Escolha do Hospital Adequado para o Parto

A escolha do local do parto é diretamente influenciada pelo tipo de doença crônica da gestante. O Dr. Dommergues orienta que, para condições como diabetes tipo 1 ou tipo 2, o parto deve ocorrer em um hospital com acesso imediato a um diabetologista. Da mesma forma, se houver risco de complicação cardíaca, o hospital deve contar com um cardiologista qualificado disponível 24 horas por dia. Essa escolha estratégica garante que cuidados especializados estejam disponíveis para manejar eventuais complicações durante o trabalho de parto e o nascimento.

Planejamento do Cuidado Neonatal e de Medicamentos

A qualidade do cuidado pediátrico no hospital de parto é outro fator crítico. O Dr. Marc Dommergues, MD, destaca que recém-nascidos podem ter em sua corrente sanguínea medicamentos ingeridos pela mãe durante a gravidez, o que pode afetar sua saúde. Isso exige atenção médica especializada imediatamente após o nascimento. É imprescindível que a equipe pediátrica esteja totalmente informada sobre o histórico medicamentoso e o estado de saúde da mãe para prestar um cuidado adequado e oportuno ao recém-nascido.

Importância do Aconselhamento Pré-Concepcional

O Dr. Dommergues aborda a questão delicada de saber se a gravidez é recomendável diante de certas condições médicas de alto risco. Ele descreve a abordagem do hospital como transparente, informando os pacientes sobre todos os riscos, inclusive em casos extremos em que há risco significativo de mortalidade, e apoiando-os na tomada de decisão. Esse processo pode ser emocionalmente desgastante tanto para a mulher quanto para seu parceiro, muitas vezes exigindo suporte psicológico para lidar com os medos e as realidades de uma gravidez de alto risco.

Coordenação do Cuidado Multidisciplinar

O planejamento antecipado é o elemento mais crucial para um desfecho bem-sucedido. O Dr. Marc Dommergues, MD, enfatiza a importância de a mulher consultar tanto um especialista em sua doença específica quanto um obstetra experiente antes da concepção. Idealmente, esses profissionais devem estar no mesmo hospital para facilitar a comunicação fluida e o planejamento coordenado dos cuidados. Essa abordagem multidisciplinar é fundamental para manejar a complexa interação entre uma doença crônica e a gravidez.

Tratamento da Gravidez sem Planejamento Prévio

Para mulheres que descobrem a gravidez sem ter feito aconselhamento pré-concepcional, o Dr. Dommergues recomenda agir imediatamente. Ele aconselha marcar consultas com o especialista da doença de base e com um obstetra o mais rápido possível, a fim de iniciar o monitoramento rigoroso de todos os aspectos da saúde. Embora não seja o ideal, cuidados vigilantes e coordenados desde o início ainda podem ajudar a gerenciar os riscos e conduzir a gravidez ao desfecho mais seguro possível para mãe e bebê.

Transcrição Completa

Dr. Marc Dommergues, MD: Uma questão importante é quando realizar o parto se a mãe tem uma doença médica. Pode ser prudente realizar o parto um pouco antes de nove meses. Por exemplo, se houver cardiopatia e a função ventricular estiver diminuindo, então antecipar a data do parto pode ser vantajoso.

Dr. Anton Titov, MD: Há também a questão de como conduzir o parto em uma mulher com doença médica. Essa é uma questão que interessa tanto a obstetras quanto a anestesiologistas.

Por exemplo, qual será o impacto da anestesia peridural na hemodinâmica da gestante? Quando uma gestante tem cardiopatia, isso precisa ser discutido com o cardiologista e o anestesiologista.

Como a gestante tolerará os esforços do parto? O que acontecerá se houver perda sanguínea aguda? Existe um risco particular para sua saúde? Esses aspectos precisam ser abordados.

Mas, em muitos casos, é possível ter um parto vaginal. É possível parir vaginalmente sem esforços excessivos, se necessário.

Dr. Marc Dommergues, MD: Discutimos quando realizar o parto e como realizá-lo. Então, a questão é onde realizá-lo. Isso também depende do tipo de doença da gestante.

Se ela tem diabetes tipo 1 ou tipo 2 pré-existente, é melhor ter o parto em um hospital com fácil acesso a um diabetologista. Se a gestante tem risco de anormalidade cardíaca, é preferível que o parto ocorra em um hospital com um cardiologista qualificado disponível 24 horas por dia.

Dr. Anton Titov, MD: Isso é algo a ser considerado ao escolher as opções de parto. Também é importante avaliar a qualidade do cuidado pediátrico.

Muitos recém-nascidos podem ter em seu sangue medicamentos que a mãe estava tomando. Esses fármacos podem afetar a saúde neonatal e exigir cuidados médicos especializados.

É crucial que os pediatras responsáveis saibam o que está ocorrendo e quais medicamentos a mãe utilizou. Agora sabemos como manejar a gravidez, como preparar para o trabalho de parto e parto, onde realizá-lo e quando.

Dr. Anton Titov, MD: Há um último ponto: é desejável ter uma gravidez? Essa é uma questão delicada. Nossa postura neste hospital é informar as pessoas sobre os riscos e permitir que tomem a decisão.

Às vezes, ficamos preocupados. Por exemplo, se acreditamos que há um risco de 10% de morte durante a gravidez, informamos a paciente, e isso pode ser muito difícil para os pacientes lidarem.

Pode ser necessário apoio psicológico para a mulher e seu parceiro. É uma grande preocupação para o parceiro: "Vou causar a morte da minha esposa ao permitir que ela engravide?" É isso que os homens perguntam, e isso também deve ser considerado.

No geral, é mais fácil planejar e tomar decisões sem pressa antes da gravidez.

Dr. Marc Dommergues, MD: Segunda opinião médica e saber com antecedência o que fazer assim que a gravidez for confirmada. É isso que estou ouvindo. Planejar antecipadamente é o mais importante.

Conversar com um especialista na doença e com um obstetra experiente nessa condição. Segunda opinião médica e, de preferência, esses especialistas devem estar no mesmo hospital. Eles precisam conseguir conversar entre si.

Se não estiverem no mesmo hospital, deve-se garantir que seu trabalho seja coordenado. Segunda opinião médica e, se uma mulher descobre que está grávida sem ter tido essas consultas pré-concepcionais, ela deve marcar o mais rápido possível com um especialista na doença e com obstetras, e acompanhar todas as questões de saúde de perto e com cuidado.