Microbioma intestinal e Esclerose Múltipla. Tratamento da esclerose múltipla com bactérias e vacinas nasais. 5

Microbioma intestinal e Esclerose Múltipla. Tratamento da esclerose múltipla com bactérias e vacinas nasais. 5

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O renomado especialista em esclerose múltipla e neuroimunologia, Dr. Howard Weiner, explica como o microbioma intestinal e a tolerância imunológica oral estão revolucionando o tratamento de doenças autoimunes. Ele aborda o potencial da terapia com anticorpo nasal anti-CD3 e da reconstituição do microbioma para a EM. O Dr. Weiner detalha os ensaios clínicos em andamento e as perspectivas futuras de vacinas baseadas em bactérias para tratar e, possivelmente, curar a esclerose múltipla.

Microbioma Intestinal e Tolerância Imunológica no Tratamento da Esclerose Múltipla

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Tolerância Oral Explicada

A tolerância oral é um processo fundamental do sistema imunológico pelo qual o corpo aprende a tolerar antígenos alimentares que entram pelo intestino. O Dr. Howard Weiner, pioneiro nessa área, descreve-a como a função crítica do sistema imunológico intestinal na prevenção de reações adversas ao que ingerimos. Esse conceito está passando por um renascimento devido à sua forte conexão com o microbioma e doenças autoimunes, como a esclerose múltipla.

O Dr. Howard Weiner explica que ensaios clínicos estão explorando ativamente essa ligação. As pesquisas se concentram em como as respostas imunológicas intestinais influenciam diretamente a progressão e a atividade da esclerose múltipla em pacientes. Embora ainda não existam medicamentos específicos para tolerância oral aprovados, essa área representa uma grande fronteira no desenvolvimento de novos tratamentos para a doença.

Terapia com Anticorpo Nasal Anti-CD3

O Dr. Howard Weiner está investigando um novo anticorpo monoclonal chamado Anti-CD3 como terapia mucosal. Esse anticorpo é administrado por via oral ou nasal para estimular especificamente o sistema imunológico das mucosas. O objetivo é induzir tolerância imunológica, um mecanismo que pode beneficiar não apenas a esclerose múltipla, mas também outras condições autoimunes.

O desenvolvimento dessa vacina nasal está avançando em ensaios clínicos iniciais. O Dr. Howard Weiner destaca seu grande potencial, especialmente para pacientes com formas progressivas de esclerose múltipla. Essa abordagem representa uma estratégia direcionada para modular o sistema imunológico diretamente em suas interfaces mucosas.

Papel do Microbioma Intestinal na Autoimunidade

A importância do microbioma intestinal se estende a todas as doenças autoimunes, não apenas à esclerose múltipla. O Dr. Howard Weiner enfatiza que a coleção de bactérias em nosso intestino é imensa, superando até mesmo o número de células do próprio corpo. Sua complexidade inclui ritmos circadianos próprios, tornando-a um ecossistema vasto e dinâmico, crucial para a saúde.

Pesquisas confirmam que o microbioma intestinal em pacientes com esclerose múltipla é anormal. O Dr. Howard Weiner observa que compreender essas diferenças microbianas é fundamental. O próximo passo é aprender a manipular efetivamente esse ambiente para obter benefícios terapêuticos em pacientes com autoimunidade.

Reconstituição do Microbioma para EM

A reconstituição do microbioma, frequentemente chamada pelos pacientes de transplante fecal, é uma área séria de investigação para o tratamento da esclerose múltipla. O Dr. Howard Weiner prefere o termo mais preciso, que envolve transplantar uma comunidade microbiana saudável para reconstituir o intestino do paciente. Ele afirma com confiança que essa abordagem será um dia utilizada para ajudar pessoas com EM (esclerose múltipla).

O conceito envolve infundir bactérias específicas e benéficas diretamente no trato gastrointestinal do paciente. A pesquisa do Dr. Weiner concentra-se em definir como é um microbioma "normal". O objetivo final é desenvolver métodos padronizados para corrigir o microbioma anormal encontrado na esclerose múltipla.

Futuro das Vacinas Bacterianas para EM

O futuro do tratamento da esclerose múltipla pode estar em vacinas não farmacológicas baseadas em bactérias. O Dr. Howard Weiner confirma que infundir bactérias específicas poderia funcionar como uma verdadeira vacina para a EM. Essa abordagem aproveita o princípio clássico de usar componentes microbianos para treinar o sistema imunológico, mas com fins terapêuticos em vez de preventivos.

Isso representa uma mudança de paradigma na terapia da esclerose múltipla. Durante sua discussão com o Dr. Anton Titov, o Dr. Weiner expressou grande otimismo sobre esse progresso. O conhecimento crescente sobre tolerância imunológica e o microbioma está pavimentando o caminho para tratamentos inovadores e potencialmente curativos.

Transcrição Completa

Dr. Anton Titov: Vamos falar sobre tolerância oral e microbioma. Você foi pioneiro nesse conceito e também escreveu extensivamente sobre tolerância imunológica oral por várias décadas. O que é tolerância oral? Como ela pode ser usada para tratar doenças autoimunes? Quais pacientes se beneficiam mais dos tratamentos de tolerância oral?

Dr. Howard Weiner: Tolerância oral refere-se ao fato de tolerarmos os alimentos que entram em nosso intestino. O sistema imunológico intestinal é muito importante. Houve um renascimento ou ressurreição no estudo do intestino.

Especialmente, há um interesse renovado no microbioma, pois as bactérias em nosso intestino se relacionam com a tolerância imunológica. Muitos ensaios clínicos em andamento mostram que o que acontece no intestino pode estar relacionado à evolução da esclerose múltipla nos pacientes.

Ainda não existem medicamentos específicos para tolerância oral ou microbioma, mas eles estão sendo estudados. Estamos pesquisando o microbioma, assim como muitos outros pesquisadores.

Também estamos estudando um anticorpo monoclonal chamado anti-CD3, que pode ser administrado por via oral ou nasal. Esse anticorpo anti-CD3 estimula o sistema imunológico mucosal.

Dr. Anton Titov: Quão avançado está o desenvolvimento do anticorpo anti-CD3? Você tem trabalhado nele há algum tempo. Ele tem muito potencial não apenas para a esclerose múltipla, mas para outras doenças autoimunes.

Dr. Howard Weiner: Estamos agora em ensaios clínicos iniciais para algumas doenças. Esperamos testar esse anticorpo em tipos progressivos de esclerose múltipla. O anticorpo anti-CD3 é administrado por via nasal.

Sobre o assunto da tolerância oral, conversei com o Dr. Simon Robson do Beth Israel Deaconess Hospital. Discutimos que o microbioma intestinal tem seu próprio relógio circadiano cíclico. É muito complexo.

O microbioma intestinal é maior que o número de células do corpo. Isso é muito importante.

Dr. Anton Titov: O que seus ensaios clínicos mostram? Qual é a importância do microbioma intestinal para as doenças autoimunes em geral? Como ele pode ser influenciado?

Dr. Howard Weiner: O microbioma é importante para todas as doenças autoimunes. Precisamos entendê-lo melhor e aprender a manipulá-lo para ajudar os pacientes.

Dr. Anton Titov: Transplante fecal é um termo que os pacientes ouvem muito. Ele poderia ser usado para tratar a esclerose múltipla?

Dr. Howard Weiner: Eu não usaria a palavra "transplantes fecais". Prefiro "reconstituição do microbioma". Um dia, usaremos transplantes fecais e reconstituição do microbioma para tratar a esclerose múltipla.

Reconstituiremos o microbioma intestinal ou faremos transplantes do microbioma para ajudar pacientes que sofrem de esclerose múltipla.

Dr. Anton Titov: Existem pessoas com certos microbiomas intestinais que são resistentes à esclerose múltipla? Isso tem sido estudado?

Dr. Howard Weiner: Estamos estudando isso agora. Sabemos que o microbioma intestinal em pacientes com esclerose múltipla não é normal. À medida que definimos isso, descobriremos como normalizar o microbioma intestinal.

Dr. Anton Titov: Potencialmente, você poderia infundir certas bactérias no intestino do paciente?

Dr. Howard Weiner: Correto.

Dr. Anton Titov: Isso curaria a esclerose múltipla?

Dr. Howard Weiner: Sim, correto. Seria um tratamento não farmacológico para a esclerose múltipla! Uma verdadeira vacina.

Lembre-se, vacinas usam bactérias e vírus de maneiras especiais. Isso seria uma vacina para a esclerose múltipla.

Transplante fecal ou reconstituição do microbioma está sendo investigado para o tratamento da esclerose múltipla. Vacinas nasais, baseadas no conhecimento crescente sobre tolerância imunológica, também estão sendo desenvolvidas como terapia. Há muito progresso na pesquisa do microbioma e da esclerose múltipla.