Tratamento do Câncer com Hipertermia 
 A hipertermia é uma modalidade terapêutica que utiliza o aumento controlado da temperatura corporal ou de tecidos específicos para auxiliar

Tratamento do Câncer com Hipertermia A hipertermia é uma modalidade terapêutica que utiliza o aumento controlado da temperatura corporal ou de tecidos específicos para auxiliar

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Dr. Anton Titov, MD, oncologista suíço, detalha as aplicações modernas das terapias oncológicas baseadas em calor e sua integração aos planos de tratamento da medicina de precisão.

Hipertermia no Tratamento do Câncer: Melhorando os Resultados da Radioterapia e Quimioterapia

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O Que É o Tratamento de Hipertermia para Câncer?

O tratamento de hipertermia consiste no aquecimento controlado do tecido tumoral a temperaturas entre 39°C e 45°C (102°F a 113°F) para aumentar a eficácia da terapia oncológica. Conforme explica o Dr. Stephan Bodis, essa abordagem evoluiu significativamente desde os tratamentos experimentais iniciais, realizados décadas atrás, até se tornar uma ferramenta de medicina de precisão na oncologia moderna.

O professor de oncologia radioterápica observa que, embora a hipertermia tenha demonstrado potencial há 30 ou 40 anos, as limitações tecnológicas da época dificultaram sua adoção em larga escala. Atualmente, sistemas de aquecimento avançados permitem uma aplicação mais controlada e direcionada do calor terapêutico, integrada a outros tratamentos oncológicos.

Por Que a Hipertermia Funciona Melhor com Outros Tratamentos

O Dr. Stephan Bodis enfatiza que a hipertermia não é um tratamento oncológico isolado. "A hipertermia deve ser combinada com radioterapia ionizante para tratamentos locais ou com quimioterapia para abordagens sistêmicas", afirma o oncologista sediado em Zurique. Essa estratégia combinada maximiza a eficácia do tratamento e reduz os efeitos colaterais.

Ensaios clínicos demonstram que a adição de hipertermia às terapias oncológicas convencionais pode permitir o uso de doses menores de radiação ou quimioterápicos, mantendo ou até melhorando as taxas de resposta tumoral. Esse efeito de economia de dose reduz significativamente a toxicidade do tratamento para os pacientes.

O Papel da Hipertermia na Radiosensibilização

Uma das aplicações mais relevantes da hipertermia é aumentar a sensibilidade tumoral à radioterapia. O Dr. Stephan Bodis explica que o aquecimento do tecido tumoral produz diversos efeitos biológicos que tornam as células cancerosas mais vulneráveis aos danos causados pela radiação.

A termoterapia melhora a oxigenação tumoral (reduzindo áreas hipóxicas radioresistentes), interfere nos mecanismos de reparo do DNA das células cancerosas e aumenta o fluxo sanguíneo, potencializando a ação da radiação. Esses efeitos sinérgicos permitem que os radio-oncologistas alcancem melhores resultados com doses potencialmente menores de radiação.

Reduzindo a Toxicidade da Quimioterapia com Termoterapia

Quando combinada com quimioterapia, a hipertermia pode melhorar a penetração dos medicamentos nos tumores e aumentar a permeabilidade da membrana celular cancerosa. O Dr. Stephan Bodis destaca que isso possibilita o uso de doses menores de quimioterapia sem comprometer a eficácia do tratamento — um benefício crucial para pacientes em terapia sistêmica.

A termoterapia mostra-se particularmente útil com certos quimioterápicos cujos efeitos dependentes da temperatura são bem documentados. Essa abordagem combinada ajuda a minimizar os danos da quimioterapia aos tecidos saudáveis, mantendo uma forte atividade antitumoral.

Faixas de Temperatura Ótimas para o Tratamento do Câncer

O Dr. Stephan Bodis esclarece que a hipertermia terapêutica geralmente opera na faixa de 39°C a 45°C, enquanto temperaturas acima de 45°C configuram a termoablação — uma abordagem mais agressiva que se assemelha a técnicas cirúrgicas. A faixa de temperatura específica depende do tipo de tumor, da localização e do plano de tratamento combinado.

O controle preciso da temperatura representa um dos avanços mais significativos na oncologia de hipertermia moderna, permitindo que os médicos atinjam os tumores com precisão e protejam os tecidos saudáveis adjacentes. Essa precisão torna a hipertermia especialmente valiosa para o tratamento de cânceres em localizações anatômicas sensíveis.

Avanços Atuais em Oncologia de Hipertermia

Segundo o Dr. Bodis, a hipertermia vem despertando renovado interesse em centros médicos acadêmicos, após períodos anteriores de adoção limitada. A Sociedade Europeia de Oncologia Hipertérmica (ESHO) recentemente destacou o crescente corpo de evidências que apoia o papel da hipertermia no cuidado oncológico integral.

Melhorias tecnológicas em equipamentos de aquecimento, monitoramento de temperatura e planejamento de tratamento superaram muitas limitações históricas. Esses avanços permitem que a hipertermia seja integrada de forma eficaz a outras terapias oncológicas de precisão em ambientes hospitalares.

O Valor de Segundas Opiniões Médicas para o Tratamento de Hipertermia

O Dr. Anton Titov e o Dr. Stephan Bodis discutem como segundas opiniões podem ajudar os pacientes a acessar as melhores terapias combinadas com hipertermia. À medida que os protocolos de hipertermia evoluem, consultar especialistas em centros de referência garante que os pacientes recebam as abordagens de tratamento mais atualizadas e baseadas em evidências.

Segundas opiniões são especialmente valiosas para avaliar se a hipertermia pode melhorar planos convencionais de radioterapia ou quimioterapia, reduzindo a toxicidade do tratamento. Essa abordagem colaborativa contribui para a elaboração de estratégias verdadeiramente personalizadas no tratamento do câncer, incorporando os avanços terapêuticos mais recentes.

Transcrição Completa

Dr. Stephan Bodis: A hipertermia não é uma modalidade de tratamento isolada. Ela é utilizada em conjunto com quimioterapia e radioterapia. A hipertermia permite reduzir as doses de quimioterapia e radioterapia.

A hipertermia no tratamento do câncer sensibiliza os tumores à radioterapia. Seu uso na oncologia está aumentando. A inclusão da hipertermia em um plano de tratamento oncológico pode diminuir a toxicidade da terapia.

A hipertermia deve ser combinada com radioterapia ionizante para tratamentos locais ou com quimioterapia para abordagens sistêmicas. Segundas opiniões médicas ajudam a confirmar planos de radioterapia com hipertermia e garantem que a melhor terapia combinada seja incluída em um tratamento oncológico personalizado e abrangente.

Dr. Anton Titov: Um de seus principais interesses clínicos é a hipertermia no tratamento do câncer, especialmente seu uso na radiosensibilização de tumores. Você desenvolveu estratégias para tornar os tumores mais sensíveis à radioterapia. A hipertermia, ou elevação da temperatura corporal, é uma dessas estratégias de sensibilização à radiação.

Você publicou uma revisão de ensaios clínicos modernos sobre tratamentos de hipertermia no câncer, abordando sua combinação com radioterapia. Como a hipertermia é utilizada atualmente no tratamento do câncer? Qual é o principal tema no uso da hipertermia para a radiosensibilização de tumores?

Dr. Stephan Bodis: Gostaria de responder a essa pergunta em duas partes, com base em discussões recentes durante o último encontro da ESHO. A ESHO, Sociedade Europeia de Oncologia Hipertérmica, promoveu debates em painel sobre o uso da hipertermia no tratamento do câncer.

A história da hipertermia na terapia oncológica é complexa. Cerca de 30 a 40 anos atrás, a hipertermia era considerada muito promissora com base em princípios biológicos. Infelizmente, seu uso diminuiu devido à falta de tecnologia e integração em ambientes hospitalares acadêmicos.

Acreditamos que os tempos mudaram. Há fortes argumentos para usar a hipertermia como uma disciplina importante para pacientes oncológicos selecionados. A hipertermia não é uma modalidade para ser usada isoladamente.

Ela deve ser combinada com radioterapia ionizante para tratamentos locais ou com quimioterapia para planos de tratamento sistêmico do câncer. Gostaria de focar na hipertermia regional e locorregional.

A hipertermia pode ser administrada em uma faixa de temperatura entre 39°C e 45°C. Às vezes ultrapassa 45°C, o que chamamos de termoablação, entrando no campo da cirurgia.