O renomado especialista em doenças hepáticas, Dr. Sanjiv Chopra, MD, explica que o consumo regular de café reduz significativamente o risco de doença hepática crônica, câncer de fígado, diabetes mellitus tipo 2 e doenças cardíacas. Os benefícios do café para a saúde estão associados à redução de marcadores inflamatórios, ao alongamento dos telômeros — que retarda o envelhecimento celular — e à proteção contra diversos tipos comuns de câncer. O Dr. Chopra recomenda a ingestão de duas a seis xícaras de café preto por dia, de preferência comum em vez de descafeinado, e evitar adoçantes artificiais para maximizar esses importantes benefícios à saúde.
Benefícios do Café para a Saúde: Redução do Risco de Doenças Hepáticas, Câncer e Diabetes
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- Proteção de Enzimas Hepáticas e Prevenção de Doenças
- Redução do Risco de Câncer pelo Café
- Benefícios Neurológicos e para Diabetes
- Mecanismos de Inflamação e Alongamento de Telômeros
- Diretrizes de Consumo Ideal de Café
- Alerta de Saúde sobre Adoçantes Artificiais
- Impacto dos Substitutos no Microbioma Intestinal
Proteção de Enzimas Hepáticas e Prevenção de Doenças
O Dr. Sanjiv Chopra, hepatologista de renome, relata a observação inicial que despertou o interesse pelos benefícios do café para a saúde: "Pessoas que bebiam café apresentavam níveis mais baixos de enzimas hepáticas, ALT e AST". Níveis elevados dessas enzimas geralmente indicam doença hepática, o que torna essa descoberta bastante relevante.
Estudos posteriores revelaram que os consumidores de café também tinham menos fibrose hepática e menos tecido cicatricial no fígado. O Dr. Chopra cita uma pesquisa marcante que mostra que "pessoas que bebiam duas xícaras de café comum por dia tiveram uma redução de 50% na hospitalização e mortalidade por doença hepática crônica". Essa proteção se estende à cirrose, condição em que o tecido cicatricial altera completamente a arquitetura do fígado.
Redução do Risco de Câncer pelo Café
O consumo de café demonstra efeitos protetores significativos contra vários tipos de câncer. O Dr. Chopra destaca que o câncer primário de fígado, hoje a terceira principal causa de mortalidade por câncer no mundo, apresenta "redução de 40% na mortalidade" entre quem consome duas xícaras de café comum diariamente.
Além do câncer de fígado, o Dr. Chopra identifica outros quatro tipos de câncer com menor incidência entre consumidores de café: câncer de próstata metastático, câncer de cólon, câncer de pele (incluindo melanoma maligno) e câncer de endométrio. Esse efeito protetor contra múltiplos cânceres posiciona o café como um fator dietético relevante em estratégias de prevenção.
Benefícios Neurológicos e para Diabetes
Os benefícios do café se estendem também a condições neurológicas e metabólicas. O Dr. Chopra relata que os consumidores da bebida apresentam "menor risco de doença de Parkinson, menor risco de declínio cognitivo e demência precoce". Essas vantagens neurológicas complementam os benefícios físicos.
Quanto ao diabetes tipo 2, o Dr. Chopra observa uma redução expressiva do risco: "É necessário beber seis xícaras de café, comum ou descafeinado, para obter uma redução de 40 a 54% no risco de desenvolver a doença". Para quem já tem diabetes, "beber duas xícaras de café por dia resulta em redução de 30% na mortalidade cardiovascular".
Mecanismos de Inflamação e Alongamento de Telômeros
Os mecanismos por trás dos benefícios do café envolvem a redução da inflamação sistêmica. O Dr. Chopra explica que "consumidores de café têm baixos níveis de PCR e TNF alfa", ambos marcadores de inflamação. Como a inflamação crônica está por trás de várias doenças, incluindo o câncer, esse efeito anti-inflamatório ajuda a explicar a ampla ação protetora do café.
Uma descoberta especialmente interessante diz respeito aos telômeros, as extremidades protetoras dos cromossomos. O Dr. Chopra menciona pesquisas que indicam que "pessoas que bebem café têm telômeros mais longos". Telômeros curtos estão associados ao envelhecimento celular acelerado, enquanto os mais longos relacionam-se à longevidade. A pesquisa de Elizabeth Blackburn, premiada com o Nobel, estabeleceu essa conexão, colocando o café ao lado de exercícios, dieta mediterrânea e meditação como práticas que favorecem o alongamento dos telômeros.
Diretrizes de Consumo Ideal de Café
O Dr. Anton Titov pergunta sobre recomendações práticas de consumo, levando a orientações detalhadas do Dr. Chopra. Com base em evidências, os benefícios começam com duas xícaras diárias para proteção hepática e aumentam com o consumo em condições como diabetes, em que seis xícaras oferecem o máximo benefício.
O Dr. Chopra recomenda: "Beba café comum, se possível. Ele traz mais benefícios que o descafeinado". O método de preparo também é importante para maximizar os efeitos positivos, evitando possíveis desvantagens de aditivos.
Alerta de Saúde sobre Adoçantes Artificiais
O Dr. Chopra oferece conselhos importantes sobre o que não adicionar ao café. "Não adicione creme ou substitutos do açúcar", alerta. Embora ele prefira café puro por simplicidade e temperatura consistente, reconhece que alguns podem desejar adoçar, mas enfatiza a importância de evitar opções artificiais.
O Dr. Chopra adverte fortemente contra adoçantes artificiais, que, segundo pesquisas, podem causar "pior intolerância à glicose", apesar do apelo de baixas calorias. Esse alerta reflete o entendimento atual de como adoçantes não nutritivos afetam a saúde metabólica.
Impacto dos Substitutos no Microbioma Intestinal
O alerta contra adoçantes artificiais conecta-se a um dos temas mais relevantes da medicina atual: o microbioma intestinal. O Dr. Chopra explica que esses substitutos "alteram o microbioma intestinal", podendo causar mais danos que o açúcar comum. Ele descreve o microbioma como "o segundo genoma humano, uma floresta tropical bacteriana interna", observando que essa comunidade de trilhões de bactérias, pesando cerca de 1,4 kg, representa um sistema orgânico recém-reconhecido.
O Dr. Chopra sugere uma alternativa prática: "Se quiser tomar uma Coca-Cola, tome uma Coca-Cola normal. Talvez beba um terço, saboreie e aproveite, em vez de optar pela versão diet". Essa abordagem prioriza o consumo moderado de açúcar real em vez do uso regular de substitutos artificiais, que podem prejudicar a saúde intestinal e a função metabólica.
Transcrição Completa
Dr. Anton Titov, MD: Proteção do fígado, redução do diabetes, inflamação, câncer, envelhecimento. Um especialista líder em doenças hepáticas de Boston revisa os benefícios de beber café. O café pode reduzir os níveis de enzimas hepáticas (o que é bom), aumentar o comprimento dos telômeros (vida mais longa?) e diminuir os riscos de diabetes e doenças cardíacas. Prepare uma xícara de café e acompanhe a discussão do Dr. Sanjiv Chopra sobre os efeitos do café na saúde.
Dr. Anton Titov, MD: Dr. Chopra, o senhor mencionou em seus livros que o café é um dos grandes protetores da saúde. Poderia desenvolver essa ideia?
Dr. Sanjiv Chopra, MD: Ótima pergunta! Como hepatologista, fiquei muito intrigado há cerca de 25 anos, quando li que consumidores de café tinham níveis mais baixos de enzimas hepáticas no sangue.
Quando vamos ao clínico geral uma vez por ano, ele solicita exames de sangue que incluem duas enzimas hepáticas, ALT e AST. A observação foi que quem bebia café apresentava níveis mais baixos dessas enzimas. Níveis elevados quase sempre indicam doença hepática.
Dr. Anton Titov, MD: Isso é intrigante. Mas o que significa? Talvez haja algo no café que interfira no exame, resultando em leituras mais baixas.
Dr. Sanjiv Chopra, MD: Mas depois surgiram estudos mostrando que consumidores de café têm menos fibrose hepática. Menos tecido cicatricial no fígado. Às vezes, há excesso de tecido cicatricial, que distorce completamente a arquitetura do fígado, com ilhas de células hepáticas cercadas por fibrose. Isso é a cirrose.
Consumidores de café tinham níveis mais baixos de enzimas hepáticas e menos fibrose. Um estudo no Journal of Gastroenterology mostrou que pessoas que bebiam duas xícaras de café comum por dia tiveram redução de 50% na hospitalização e mortalidade por doença hepática crônica.
O câncer primário de fígado é hoje a terceira principal causa de morte por câncer no mundo. Múltiplos estudos e uma meta-análise mostraram que quem bebe duas xícaras de café comum tem redução de 40% na mortalidade por esse tipo de câncer.
Baixas enzimas hepáticas, menos cicatrizes, menos fibrose, menos hospitalização, menos mortalidade, menos câncer de fígado. Consumidores de café também têm menor risco de outros quatro cânceres comuns: câncer de próstata metastático, câncer de cólon, câncer de pele (incluindo melanoma maligno) e câncer de endométrio.
Cinco cânceres com menor incidência. Menor risco de doença de Parkinson, menor risco de declínio cognitivo e demência precoce, menor risco de diabetes tipo 2. Para o diabetes tipo 2, é preciso beber seis xícaras de café, comum ou descafeinado, para obter redução de 40 a 54% no risco de desenvolver a doença.
Quem já tem diabetes tipo 2 e bebe duas xícaras de café por dia, comum ou descafeinado, tem redução de 30% na mortalidade cardiovascular. Muito impressionante!
Dr. Anton Titov, MD: Há explicações mecanísticas: consumidores de café têm baixos níveis de PCR e TNF alfa. O café reduz a inflamação? Sim, esse pode ser o mecanismo pelo qual diminui o risco de várias condições, inclusive câncer, já que a inflamação está envolvida. A Proteína C-Reativa é um marcador sensível de inflamação.
Dr. Sanjiv Chopra, MD: Exatamente! Um estudo publicado no New England Journal of Medicine há cerca de quatro anos gerou grande repercussão. Naquele dia, recebi mais de cem e-mails de colegas. "Sanjiv, você sempre falou dos benefícios do café. Está comprovado!"
O estudo mostrou que "homens e mulheres que bebem café têm menor mortalidade geral e por causas específicas". Há cerca de seis ou oito meses, um artigo em uma revista de nutrição mostrou que consumidores de café têm telômeros mais longos.
Os telômeros foram estudados por Elizabeth Blackburn, cientista australiana que ganhou o Prêm Nobel de Medicina ou Fisiologia em 2009. Telômeros encurtados estão ligados ao envelhecimento celular acelerado.
Dr. Anton Titov, MD: Quem tem telômeros encurtados?
Dr. Sanjiv Chopra, MD: Mães de crianças com deficiências crônicas, cuidadores de pessoas com Alzheimer. Quem tem telômeros mais longos? Presume-se que vivam mais. Pessoas que se exercitam, seguem dieta mediterrânea, meditam. E o estudo recente mostrou que quem bebe café tem telômeros mais longos.
Dr. Anton Titov, MD: Importa que tipo de café beber? Quanto e com que frequência para obter benefícios?
Dr. Sanjiv Chopra, MD: Boa pergunta! Os estudos geralmente perguntam: "Você bebe café? Quantas xícaras? Qual o tamanho? É comum ou descafeinado?"
Minha opinião é: beba café comum, se possível. Tem mais benefícios que o descafeinado. Não adicione creme ou substitutos de açúcar. Eu bebo puro, por simplicidade. Não me preocupo com açúcar ou adoçantes.
Se colocar leite, ele esfria o café. Prefiro puro. Se quiser adoçar, use açúcar, mas evite substitutos artificiais. Adoçantes artificiais podem piorar a intolerância à glicose, pois alteram o microbioma intestinal.
Esse é um dos temas mais quentes da medicina: o microbioma intestinal. Já foi chamado de "segundo genoma humano, uma floresta tropical bacteriana interna". Temos trilhões de bactérias no intestino, pesando cerca de 1,4 kg. É como um órgão recém-descoberto!
Se quiser tomar Coca-Cola, tome a normal. Talvez beba um terço, saboreie e aproveite, em vez da versão diet. A diet tem uma caloria, mas muitos efeitos prejudiciais à saúde.