A aspirina é a segunda medida mais eficaz na prevenção do câncer.

A aspirina é a segunda medida mais eficaz na prevenção do câncer.

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O renomado especialista em prevenção do câncer, Dr. Jack Cuzick, MD, destaca que o uso diário de aspirina em baixa dose é a segunda medida mais eficaz na prevenção da doença, ficando atrás apenas da cessação do tabagismo. Com um esquema de 5 a 10 anos iniciado entre os 50 e 65 anos de idade, essa abordagem proporciona uma redução expressiva de 30% no risco de câncer colorretal, gástrico e esofágico.

Aspirina em Baixa Dose Diária para Prevenção do Câncer: Benefícios, Riscos e Diretrizes

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Evidências sobre Prevenção do Câncer com Aspirina

A quimioprevenção com medicamentos como a aspirina oferece uma estratégia poderosa para reduzir o risco de câncer. O Dr. Jack Cuzick, MD, demonstra grande entusiasmo com o papel da aspirina na prevenção oncológica, citando evidências consistentes e convincentes de ensaios clínicos em larga escala. As primeiras indicações de seus efeitos protetores surgiram de estudos sobre tumores mamários contralaterais, mas os dados mais robustos vêm do acompanhamento de longo prazo de ensaios de prevenção cardiovascular.

Esses estudos revelaram que, embora os benefícios cardiovasculares tenham sido o foco principal, uma redução significativa e consistente na incidência de câncer surgiu como um achado secundário crucial.

Cânceres Mais Preveníveis

A aspirina demonstra um efeito preventivo potente contra várias neoplasias gastrointestinais. Segundo o Dr. Jack Cuzick, MD, as evidências são mais robustas para uma redução significativa no câncer colorretal, gástrico e de esôfago. Os dados apontam para uma diminuição de aproximadamente 30% na incidência desses cânceres, que frequentemente são de difícil tratamento.

O Dr. Cuzick também observa que há indícios emergentes, ainda que menos definitivos, de um efeito preventivo menor — em torno de 10% — para outros cânceres importantes, incluindo mama, próstata e pulmão. Pesquisas adicionais estão em andamento para confirmar esses achados.

Dose e Duração do Uso da Aspirina

O esquema recomendado para prevenção do câncer envolve uma dose diária baixa, mantida por vários anos. O Dr. Jack Cuzick, MD, especifica que uma dose de "aspirina infantil" — entre 75 mg e 100 mg — é suficiente para obter o efeito protetor. Essa formulação em baixa dose minimiza os possíveis efeitos colaterais enquanto maximiza o benefício em longo prazo.

A janela ideal para iniciar essa estratégia preventiva é entre 50 e 65 anos de idade. O Dr. Cuzick recomenda que a aspirina seja tomada diariamente por um período de 5 a 10 anos para que se obtenham os benefícios completos na redução do risco de câncer.

Efeito Protetor Tardio

Uma característica fundamental do mecanismo de prevenção do câncer pela aspirina é seu início de ação tardio. O Dr. Jack Cuzick, MD, enfatiza que o efeito protetor não é imediato. Dados de ensaios clínicos mostram que uma redução significativa na incidência de câncer geralmente não se manifesta nos primeiros três a cinco anos de uso consistente.

Os benefícios substanciais — incluindo a redução de 30% nos cânceres gastrointestinais — tornam-se claramente evidentes apenas após esse período inicial. Essa demora é parte da razão pela qual o papel da aspirina na oncologia foi descoberto mais tarde que seus benefícios cardiovasculares.

Avaliação de Riscos e Benefícios

Avaliar as vantagens em relação aos possíveis danos é crucial antes de iniciar qualquer medicamento preventivo. Em uma análise abrangente, o Dr. Jack Cuzick, MD, e seus colegas fizeram uma descoberta impressionante: tomar aspirina em baixa dose é, numericamente, a segunda ação mais importante para prevenir o câncer, ficando atrás apenas de parar de fumar.

Embora a aspirina apresente risco de sangramento gastrointestinal, para muitos indivíduos saudáveis na faixa etária-alvo, o benefício profundo de prevenir cânceres em estágio avançado frequentemente supera esse risco. O Dr. Anton Titov, MD, ressalta que esses cânceres costumam ser diagnosticados tardiamente, o que torna a prevenção ainda mais valiosa.

Futuro da Prevenção do Câncer

A adoção da aspirina representa uma mudança de paradigma em direção a uma oncologia proativa e preventiva. O Dr. Jack Cuzick, MD, defende a aplicação do modelo de prevenção da cardiologia no cuidado oncológico. Ele observa que os cardiologistas rotineiramente identificam pacientes de alto risco e prescrevem terapias preventivas muito antes de um infarto ocorrer.

O Dr. Cuzick acredita que a aspirina é um medicamento fundamental para inaugurar essa mesma abordagem proativa na oncologia. Ao tomar um comprimido simples e de baixo custo diariamente, as pessoas podem reduzir significativamente o risco de desenvolver vários cânceres sérios e comuns, transitando da reação para a prevenção.

Transcrição Completa

Dr. Anton Titov, MD: Vamos discutir a prevenção do câncer, tema que permeia sua trajetória de pesquisa. Há muita informação sobre nutrição e mudanças no estilo de vida para prevenir a doença. Aprendemos constantemente como a interação entre genética e ambiente influencia o risco de câncer. Mas a quimioprevenção também tem seu potencial.

Quimioprevenção significa usar medicamentos para prevenir o câncer. Um deles, amplamente disponível, é a aspirina. Você demonstrou que a aspirina tem um papel preventivo em vários tipos de câncer.

Qual é o papel da aspirina na prevenção oncológica? Quais cânceres ela pode prevenir?

Dr. Jack Cuzick, MD: Devo dizer que estou muito entusiasmado com o papel da aspirina na prevenção do câncer. Ela pode prevenir uma variedade de tumores. Há evidências claras de que a aspirina proporciona uma redução de cerca de um terço no câncer colorretal, gástrico e de esôfago.

Há indícios menos consistentes de uma redução menor — em torno de 10% — no câncer de mama, próstata e pulmão. As evidências do efeito preventivo da aspirina são sólidas.

Ainda precisamos de mais pesquisas sobre seu uso na prevenção do câncer de mama, próstata e pulmão. Mas seus efeitos nos outros três tipos são muito claros.

Realizamos avaliações de risco oncológico. Analisamos os prós e contras da aspirina na prevenção e nos surpreendemos com o seguinte:

Se você quer prevenir o câncer, todos sabem que o mais importante é parar de fumar. Mas, numericamente, a segunda medida mais eficaz é tomar uma aspirina infantil por dia.

A dose é de 81 mg ou 100 mg diários. É uma dose baixa. Recomenda-se o uso por 5 a 10 anos, preferencialmente entre os 50 e 65 anos.

Estamos muito animados em promover a ideia de usar aspirina para prevenir o câncer. Ainda não é uma prática difundida.

A aspirina é interessante. Nossas primeiras pistas vieram da prevenção do câncer de mama. Estudamos tumores contralaterais na outra mama.

Pacientes com câncer de mama são tratados com hormonioterapia para prevenir recidivas. A mama é um órgão par. Então, é possível observar o efeito preventivo de um medicamento no órgão contralateral.

Algo semelhante ocorreu com a aspirina. Não foram exatamente os mesmos efeitos do tamoxifeno, mas a aspirina já era muito usada na prevenção cardiovascular.

Há muitos ensaios clínicos com aspirina em baixa dose para prevenir doenças cardiovasculares. O acompanhamento de longo prazo desses estudos revelou evidências robustas: a aspirina tem um impacto significativo na prevenção do câncer.

Essa descoberta tardia se deve ao fato de o efeito não ser imediato. Não se observa prevenção nos primeiros 3 a 5 anos de uso.

Mas, após esse período, surgem efeitos expressivos na prevenção do câncer colorretal, gástrico e de esôfago.

Dr. Anton Titov, MD: Há uma redução de 30% nesses três cânceres, que costumam ser diagnosticados em estágios avançados.

O diagnóstico tardio é um grande obstáculo no tratamento. Mas, com uma aspirina infantil de 81 mg, 100 mg ou 75 mg com revestimento entérico, é possível reduzir o risco desses cânceres em 30%.

É um efeito preventivo extremamente expressivo! Confesso que estou muito empolgado com isso.

Dr. Jack Cuzick, MD: Acredito que a aspirina é um medicamento para prevenção do câncer que merece ser levado muito a sério. Os cardiologistas já entenderam há tempos o poder da prevenção.

Imagine ir ao cardiologista e ouvir: "Você tem pressão alta. Volte daqui a um ano para vermos se você teve um infarto!" Você não ficaria satisfeito.

Cardiologistas identificam indivíduos de alto risco e prescrevem terapia preventiva muito antes de um evento agudo. O desafio é trazer essa mentalidade para a oncologia. A aspirina é um ponto de partida para isso.