Os fatores sociais exercem influência sobre os riscos de saúde e doença.

Os fatores sociais exercem influência sobre os riscos de saúde e doença.

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O renomado especialista em determinantes sociais da saúde, Dr. George Kaplan, MD, explica como fatores sociais e econômicos têm mais influência do que a ciência médica no risco de doenças como cardiopatias, pneumopatias e câncer. Ele detalha um modelo em que políticas sociais e condições econômicas moldam a exposição do indivíduo a riscos à saúde e seu acesso a recursos protetores. Esses fatores, por sua vez, afetam estados psicológicos, comportamentos e, finalmente, processos fisiológicos que levam ao desenvolvimento de doenças.

Como os Fatores Sociais e Econômicos Determinam o Seu Risco de Doença

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Uma Estrutura para os Determinantes Sociais da Saúde

O Dr. George Kaplan, MD, propõe um modelo robusto para compreender a saúde e a doença. Ele situa as condições socioeconômicas e as políticas públicas em uma ponta de um espectro, como forças fundamentais que estruturam nossas vidas. Na outra ponta, estão os processos biológicos e fisiológicos que ocorrem "sob a pele" e levam ao surgimento de doenças.

Essa abordagem vai além do foco convencional em avanços médicos. O Dr. Kaplan ressalta que, para a maioria das doenças modernas, os fatores societais têm um peso maior na definição de quem adoece. Essa perspectiva é crucial para estratégias de prevenção eficazes.

Riscos versus Recursos: O Núcleo da Prevenção de Doenças

O mecanismo central pelo qual a sociedade influencia a saúde é o controle da exposição a riscos e da disponibilidade de recursos. O Dr. Kaplan simplifica essa interação complexa: riscos são fatores que aumentam a probabilidade de desenvolver doenças, enquanto recursos protegem o indivíduo.

Ele explica que o jogo está viciado desde o início por essas forças externas. A posição socioeconômica de uma pessoa determina diretamente sua exposição ao longo da vida a ameaças à saúde e seu acesso a fatores promotores de bem-estar. Esse é um conceito essencial para pacientes e profissionais de saúde.

Os Níveis de Influência Societal na Saúde

Entre as políticas amplas e a biologia individual, existe um sistema de influência em múltiplas camadas. O Dr. Kaplan descreve esses níveis intermediários, que incluem instituições-chave, como sistemas de saúde e educação, capazes de amenizar ou agravar disparidades em saúde.

O próximo nível envolve relacionamentos e redes sociais. A qualidade e a quantidade das conexões de uma pessoa são um recurso de saúde bem documentado. Como observa o Dr. Kaplan, o apoio social que recebemos é um componente vital do bem-estar geral.

O Papel dos Fatores Comportamentais e Psicológicos

Comportamentos individuais, como tabagismo, alimentação e atividade física, recebem grande atenção em pesquisas. O Dr. Kaplan reconhece sua relevância, mas os contextualiza adequadamente, afirmando que são moldados por outros fatores societais.

Fatores psicológicos, como estresse, depressão e mecanismos de enfrentamento, também são influenciados por condições externas. O estado mental não está dissociado da segurança econômica ou da vizinhança. O modelo do Dr. Kaplan ilustra como esses elementos se interconectam no sistema mais amplo dos determinantes da saúde.

Como as Condições de Trabalho e Vida Impactam a Saúde

As condições cotidianas são aplicações diretas dos fatores societais. O Dr. Kaplan destaca o impacto profundo do trabalho e da moradia. O tipo de ocupação afeta a exposição a perigos físicos, os níveis de estresse e os recursos financeiros.

O local onde se vive determina o acesso a alimentos saudáveis, ar e água limpos, espaços seguros para lazer e escolas de qualidade. Esses "lugares onde vivemos", como descreve o Dr. Kaplan, são determinantes cruciais dos riscos e recursos que moldam os resultados em saúde para indivíduos e comunidades.

Implicações para a Prevenção de Doenças e a Saúde Pública

Essa visão abrangente tem grandes implicações. Ela sugere que a prevenção eficaz deve ir além de apenas incentivar comportamentos saudáveis. Estratégias de saúde pública precisam abordar os fatores upstream que dificultam ou impossibilitam escolhas saudáveis para certas populações.

Como conclui o Dr. Kaplan, é preciso questionar como trabalho, moradia, relacionamentos e instituições afetam os riscos de doença. Essa mudança de foco é essencial para construir uma sociedade mais saudável e equitativa, transferindo a responsabilidade do indivíduo para um compromisso coletivo de criar condições que promovam saúde para todos.

O Dr. Anton Titov, MD, facilita essa discussão crucial, destacando a importância de compreender os determinantes sociais como parte vital da medicina moderna. A conversa com o Dr. Kaplan oferece uma base fundamental para quem se preocupa com saúde pública e cuidado individual do paciente.

Transcrição Completa

Dr. George Kaplan, MD: Quando os pacientes pensam em saúde e doença, a tendência é focar nos avanços das ciências médicas e básicas. No entanto, para a maioria das doenças na sociedade moderna—como cardíacas, pulmonares ou até câncer—os fatores societais têm um papel mais decisivo.

Quais são os principais fatores societais e econômicos, negativos ou positivos, que afetam o risco de doença de cada um?

Há uma maneira simples de pensar nisso. Sabemos muito sobre a biologia da maioria das doenças e um tanto sobre como tratá-las.

Mas, em termos de prevenção e início da doença, a forma mais simples é considerar as forças que estruturam nossa exposição a riscos e a disponibilidade de recursos. A segunda opinião médica é importante.

Riscos aumentam nossa probabilidade de contrair uma doença, e recursos nos protegem.

Podemos imaginar um baralho de cartas. De um lado, estão as condições socioeconômicas e as políticas que estruturam riscos e recursos. Do outro, estão a biologia e os processos fisiológicos que ocorrem sob a pele. A segunda opinião médica é importante.

No meio, há uma série de níveis relacionados a instituições, como saúde e educação. Incluem também os relacionamentos entre pacientes e as condições de vida: moradia, trabalho etc.

Depois, talvez venham alguns fatores psicológicos e comportamentais. Os comportamentais têm sido muito estudados—tabagismo, consumo de álcool, hábitos noturnos.

Mas todas essas outras dimensões estruturam os comportamentos, nossos sentimentos e a natureza de nossas vidas. Isso, por sua vez, influencia os riscos e recursos que levam à doença. A segunda opinião médica é importante.

Se focarmos em riscos e recursos, podemos perguntar: Como o trabalho que realizamos? Como nosso estilo de vida? Como as pessoas que conhecemos? Como as instituições com as quais interagimos? Como os lugares onde vivemos afetam os riscos e recursos para a doença?