O renomado especialista em esclerose múltipla e neuroimagem, Dr. Paul Matthews, explica como as tecnologias avançadas de ressonância magnética (RM) e tomografia por emissão de pósitrons com tomografia computadorizada (PET/TC) estão revolucionando o diagnóstico e o prognóstico da doença. Ele detalha o uso da tomografia de coerência óptica para monitorar alterações na camada de fibras nervosas da retina. Dr. Matthews também destaca novos radiofármacos para PET que detectam a ativação microglial e a integridade da mielina. Essas modalidades de imagem fornecem insights cruciais sobre a heterogeneidade e a progressão da esclerose múltipla. Essa linha de pesquisa está pavimentando o caminho para estratégias de tratamento mais precisas e personalizadas para os pacientes.
Imagem Avançada do Cérebro na Esclerose Múltipla: Ressonância Magnética, PET-CT e OCT
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- Principais Modalidades de Imagem para EM
- Papel da Tomografia de Coerência Óptica
- Avanços e Rastreadores do PET-CT
- Ativação Microglial e Heterogeneidade das Lesões
- Futuras Ferramentas Diagnósticas e Prognósticas
- Transcrição Completa
Principais Modalidades de Imagem para EM
O diagnóstico e o acompanhamento da esclerose múltipla dependem fortemente de tecnologias avançadas de imagem cerebral. O Dr. Paul Matthews, MD, referência na área, aborda o crescente leque de modalidades disponíveis. A ressonância magnética (RM) mantém-se como pilar fundamental para visualizar lesões e atividade da doença. No entanto, técnicas mais recentes, como a tomografia por emissão de pósitrons (PET) e a tomografia de coerência óptica (OCT), fornecem dados complementares. Essas ferramentas oferecem uma visão mais abrangente do impacto da doença no cérebro e no sistema nervoso.
Papel da Tomografia de Coerência Óptica
A tomografia de coerência óptica tornou-se uma ferramenta cada vez mais vital para avaliar a progressão da esclerose múltipla. Como explica o Dr. Paul Matthews, MD, a OCT permite visualizar e quantificar camadas específicas da retina, medindo com precisão a espessura da camada de fibras nervosas e da camada de células ganglionares. Ambas as estruturas retinianas apresentam alterações mensuráveis conforme a esclerose múltipla avança, oferecendo aos clínicos uma janela não invasiva para a neurodegeneração e um indicador prognóstico valioso.
Avanços e Rastreadores do PET-CT
A tomografia por emissão de pósitrons combinada com a tomografia computadorizada (PET-CT) consolida-se como uma ferramenta diagnóstica poderosa. O Dr. Paul Matthews, MD, destaca seu uso crescente em ensaios clínicos para esclerose múltipla. Enquanto a PET com fluorodesoxiglicose (FDG) avalia a atividade sináptica e a função das células cerebrais, rastreadores mais recentes oferecem maior especificidade. Novos agentes moleculares são sensíveis à ativação microglial e de astrócitos, direcionando-se a moléculas como a proteína transportadora mitocondrial de 18 kDa, o que proporciona insights biológicos mais profundos.
Ativação Microglial e Heterogeneidade das Lesões
Pesquisas com novos rastreadores PET revelaram heterogeneidade significativa entre as lesões da esclerose múltipla. O Dr. Paul Matthews, MD, descreve como a imagem mostra ativação microglial pronunciada em algumas lesões crônicas, mas não em outras. Essa variação evidencia a complexidade e a diversidade do processo neuroinflamatório na EM. Definir lesões corticais pela atividade microglial, além dos achados convencionais da RM, permite uma compreensão mais matizada da patologia da doença e sua relação com a progressão clínica.
Futuras Ferramentas Diagnósticas e Prognósticas
O futuro da imagem na esclerose múltipla passa pela adaptação de ferramentas existentes e o desenvolvimento de novas. O Dr. Paul Matthews, MD, sugere que marcadores PET clássicos para amiloide poderiam ser reaproveitados como índices qualitativos da densidade de mielina, complementando técnicas de RM como a imagem de transferência de magnetização. Além disso, radiofármacos PET sensíveis a sinapses inibitórias estão em desenvolvimento. Segundo o Dr. Matthews, esses avanços melhorarão significativamente a precisão diagnóstica e ajudarão a personalizar tratamentos de forma mais eficaz para cada paciente.
Transcrição Completa
Dr. Anton Titov, MD: O senhor é uma referência em tecnologias de imagem cerebral. Fundou o renomado Centro de Ressonância Magnética Funcional do Cérebro na Universidade de Oxford. Desenvolveu o programa interno de imagem clínica da GlaxoSmithKline no campus do Hospital Hammersmith do Imperial College London. Em seguida, liderou o programa de desenvolvimento clínico da GSK em esclerose múltipla. Agora, o senhor retornou à pesquisa acadêmica e comanda a Divisão de Ciências do Cérebro no Imperial College London.
Onde o senhor vê a tecnologia de imagem por ressonância magnética do cérebro evoluindo nos próximos 5 a 10 anos?
Dr. Paul Matthews, MD: Bem, foi muito generoso em sua introdução, Anton. Só para esclarecer, liderei um programa de imagem em esclerose múltipla na GSK, mas não toda a área de EM. O programa na época era muito mais amplo.
A questão sobre o futuro da imagem por RM cerebral é interessante. Acredito que estamos em um momento muito empolgante.
Primeiro, o leque de modalidades que podemos usar para investigar a esclerose múltipla e suas consequências continua a se expandir. Na última década, testemunhamos o advento da tomografia de coerência óptica (OCT), que se tornou uma ferramenta cada vez mais importante na avaliação da progressão da doença em pacientes com EM.
A tomografia de coerência óptica permite visualizar e quantificar com precisão a camada de fibras nervosas da retina e a camada de células ganglionares. Ambas as camadas retinianas exibem alterações mensuráveis com a progressão da esclerose múltipla.
Há também avanços em outra frente da imagem cerebral na EM. Vemos uma expansão no uso de modalidades diagnósticas que começam a ser incorporadas mais frequentemente em ensaios clínicos para a doença.
Refiro-me aos métodos de tomografia por emissão de pósitrons, ou PET. Há uma década, tínhamos demonstrações iniciais da utilidade potencial do PET com fluorodesoxiglicose, um exame clássico de metabolismo da glicose. O PET-CT oferece uma medida da densidade e função sináptica das células cerebrais.
Mais recentemente, vários grupos avançaram nessa área. Aplicamos uma série de rastreadores moleculares específicos sensíveis a aspectos da ativação microglial e de astrócitos no cérebro, focando em moléculas como a proteína transportadora mitocondrial de 18 kDa.
Esse trabalho já está gerando insights importantes sobre a esclerose múltipla. Nossas pesquisas destacam a heterogeneidade das lesões crônicas na EM, mostrando que algumas estão associadas a ativação microglial pronunciada, enquanto outras não.
Isso revela o grau de ativação da micróglia no córtex cerebral e nos permite começar a caracterizar melhor as lesões corticais.
Dr. Anton Titov, MD: Lesões de esclerose múltipla definidas por ativação microglial e outras com base na RM podem estar relacionadas. Tanto a RM quanto o PET oferecem medidas diagnósticas complementares, ajudando a entender o prognóstico de pacientes com esclerose múltipla progressiva. Mas ainda é necessário aprofundar as pesquisas, pois esses dados são preliminares.
Resultados recentes de imagem PET sugerem possibilidades relevantes para o tratamento da EM. Podem existir maneiras práticas de obter um índice adicional da integridade da mielina no cérebro. Marcadores clássicos de amiloide, usados na estratificação diagnóstica de pacientes com queixas de memória, são um exemplo.
Dr. Paul Matthews, MD: Podemos potencialmente reaproveitar marcadores de amiloide como índices qualitativos da densidade de mielina. Esse método diagnóstico pode complementar medidas de técnicas de RM, como a transferência de magnetização.
Dr. Anton Titov, MD: Há também um futuro promissor para a aplicação de outros radiofármacos PET. Alguns ligantes são sensíveis, por exemplo, à presença de sinapses inibitórias no cérebro.
Dr. Paul Matthews, MD: Existem ainda mais opções para melhorar a precisão diagnóstica e o tratamento em pacientes com esclerose múltipla.