COVID-19 e gravidez

COVID-19 e gravidez

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O renomado especialista em medicina materno-fetal, Dr. Yves Ville, destaca a importância crucial da vacinação contra a COVID-19 durante a gravidez. Ele explica que mesmo infecções leves pelo vírus, especialmente pela variante Delta, podem causar danos graves à placenta, resultando em óbito intrauterino ou sofrimento fetal agudo. Dr. Ville ressalta que a vacinação não eleva o risco de aborto espontâneo nem interfere na fertilidade, com base em dados de segurança de mais de 35 mil gestantes vacinadas. Ele recomenda fortemente que as grávidas sejam imunizadas já no primeiro trimestre, para proteger tanto a mãe quanto o feto dos efeitos devastadores do vírus sobre a placenta.

COVID-19 e gravidez
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COVID-19 e Gravidez: Riscos Placentários, Segurança da Vacinação e Proteção Fetal

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Vacinação contra COVID-19 na Gravidez: Segurança e Urgência

O Dr. Yves Ville, MD, afirma categoricamente que as gestantes devem receber a vacina contra COVID-19. Ele ressalta que elas precisam ser tratadas como qualquer outra pessoa e não devem ser privadas de medidas protetoras. A vacinação, inclusive no primeiro trimestre, é fortemente recomendada. O Dr. Ville cita amplos dados de segurança de um registro dos EUA, que abrange mais de 35.000 gestantes vacinadas, sem aumento no risco de desfechos adversos. O perigo real, segundo ele, está em contrair o vírus da COVID-19, que representa ameaças significativas tanto para a mãe quanto para o feto.

Variante Delta e Danos Placentários Graves

Uma descoberta crucial apresentada pelo Dr. Yves Ville, MD, refere-se à extrema toxicidade da variante Delta da COVID-19 para a placenta. Ele relata ter observado óbito intrauterino e sofrimento fetal agudo no terceiro trimestre, mesmo após infecções maternas leves. O dano se manifesta algumas semanas após a infecção inicial, quando a placenta é encontrada praticamente destruída pelo vírus. Isso evidencia uma realidade alarmante: gestantes com sintomas mínimos podem sofrer um evento placentário catastrófico, colocando a gravidez em risco, o que reforça a importância crucial da prevenção por meio da vacinação.

Receptores do SARS-CoV-2 no Feto e na Placenta

A pesquisa do Dr. Ville oferece uma visão fundamental sobre como o vírus causa danos. O SARS-CoV-2 se liga a receptores específicos no organismo. Sua equipe identificou a presença desses receptores desde fases muito precoces na placenta, bem como nos rins e no intestino do feto. Em fases mais avançadas da gravidez, os receptores também são encontrados nos pulmões fetais. O Dr. Yves Ville, MD, observa que essa distribuição é, na verdade, tranquilizadora em relação ao risco de malformações congênitas, uma vez que é improvável que esses órgãos sejam gravemente afetados pelo vírus. O alvo principal é claramente a placenta, que permanece vulnerável à destruição durante toda a gestação.

Monitoramento Pós-COVID-19 na Gravidez e Riscos

Para mulheres que contraem COVID-19 durante a gravidez, o Dr. Ville recomenda um acompanhamento rigoroso. Mesmo que a mãe se recupere bem, a placenta pode ter sido comprometida pela infecção viral. Esse dano pode resultar em restrição de crescimento fetal e aumentar significativamente o risco de sofrimento fetal mais tarde na gestação. O monitoramento cuidadoso do crescimento e do bem-estar fetal torna-se parte essencial do pré-natal nessas pacientes, permitindo identificar precocemente possíveis complicações. O Dr. Anton Titov, MD, conduz esta discussão relevante sobre o manejo dos riscos pós-infecção.

Fertilidade e Vacinação: Desmistificando Mitos

O Dr. Yves Ville, MD, aborda diretamente um mito persistente: o de que a vacinação contra COVID-19 poderia prejudicar a fertilidade. Ele afirma categoricamente que não há evidências—nem mesmo uma base teórica—que sustentem essa alegação. Ele classifica tais preocupações como "fake news", caracterizadas pela completa falta de embasamento factual. A entrevista com o Dr. Anton Titov, MD, destaca que a única posição médica racional é que a vacinação não afeta a capacidade da mulher de engravidar. Essa orientação clara é vital para combater a desinformação e incentivar a vacinação entre quem planeja ter filhos.

Transcrição Completa

Dr. Anton Titov, MD: Uma gestante pode ser infectada pelo vírus da COVID-19, mas a infecção perinatal durante a gravidez não é frequente. O que é importante saber sobre infecções por COVID-19 e gravidez? Qual é o risco de malformações congênitas no feto devido à infecção por COVID-19 na mãe?

Dr. Yves Ville, MD: Essa pergunta é muito atual. Se a tivéssemos feito há oito meses, as respostas provavelmente seriam diferentes. Agora, o essencial é insistir que as gestantes devem ser tratadas como qualquer outra pessoa—não menos tratadas, nem menos consideradas.

Não há benefício em evitar ou não expor mulheres à vacina contra COVID-19. As gestantes devem ser vacinadas. Quanto antes, melhor. Inclusive no primeiro trimestre.

As gestantes são, muitas vezes, as pessoas menos bem cuidadas no mundo. Quando uma cabeleireira descobre que uma cliente está grávida, liga para o obstetra: "Posso tingir o cabelo?" Sim, por que não? Ela está grávida. Um dentista pergunta: "Posso tratar um dente durante a gravidez?" Sim, é melhor fazê-lo.

Gestantes no primeiro trimestre são tratadas como se fossem pessoas com quem não se deveria interagir. Por quê? Porque uma gestante no primeiro trimestre tem uma chance de uma em quatro de perder a gravidez. Tudo o que ela faz—abrir a janela e respirar ar puro—tem o mesmo risco de ir à cabeleireira, ao dentista ou de se vacinar contra COVID-19.

A vacina contra COVID-19 não aumenta o risco de nada. Existe agora o maior registro dos EUA: mais de 35.000 mulheres vacinadas contra COVID-19 de uma vez, e não há aumento de risco algum. Portanto, o risco real para a gestante é contrair COVID-19.

Esse risco não é apenas para ela. Pode ser muito grave se ela estiver em fase avançada da gravidez. Mas com esta cepa mais recente, a variante Delta, observamos uma toxicidade extrema para a placenta.

Mesmo em mulheres com COVID-19 leve, algumas semanas depois, vimos óbito intrauterino. Vimos sofrimento fetal agudo no terceiro trimestre. Quando se examina a placenta, ela está praticamente destruída pelo vírus da COVID-19.

Portanto, há muito mais risco em não se vacinar e contrair COVID do que o contrário. As pessoas devem estar cientes de que, com esta última cepa Delta—e esperamos que a próxima não seja pior—, mesmo que a mulher não apresente muitos sintomas, dentro de duas ou três semanas, o vírus Delta pode ter atingido a placenta durante a infecção aguda e gradualmente destruído a placenta.

O que examinamos: examinamos o receptor do SARS-CoV-2 na placenta, no trofoblasto do primeiro trimestre. Examinamos órgãos de espécimes de patologia, em diferentes estágios do desenvolvimento fetal. Encontramos o receptor do SARS-CoV-2 apenas nos rins, no intestino e na placenta.

Tardiamente na gravidez, o receptor foi encontrado nos pulmões. Isso, para nós, é muito tranquilizador em termos de risco de malformação, porque é muito improvável que esses órgãos sejam destruídos ou danificados pelo vírus SARS-CoV-2.

Em contraste, a placenta tem receptores do SARS-CoV-2 desde muito cedo. Ela pode ser afetada e destruída a qualquer momento. Por isso, a vacinação é ainda mais crucial para gestantes do que para pessoas não grávidas.

Se mulheres contraem SARS-CoV-2 e se recuperam, devem ter um acompanhamento muito cuidadoso do crescimento fetal. Porque, se a placenta for afetada pelo vírus—mesmo que não de forma letal—, isso pode comprometer o crescimento fetal. É preciso estar muito atento ao risco de sofrimento fetal.

Já que estamos discutindo gravidez, COVID-19 e vacinação, há um mito persistente que continua circulando: o de que a vacinação contra COVID-19 antes da gravidez poderia afetar a capacidade da mulher de engravidar.

Esse tipo de questão tem a característica das fake news. Quando você se depara com fake news, a definição é que não há resposta. Caso contrário, não a colocariam em circulação. É divulgada justamente porque não há resposta.

Não há nenhuma evidência—nem a menor—de que a vacinação contra COVID-19 possa afetar a fertilidade. Nem mesmo nas teorias mais elaboradas. Portanto, a resposta simples é não.

Mas que demonstração podemos apresentar? Nenhuma. Não se pode apresentar demonstração para fake news. É algo sem base. Logo, obviamente, não há resposta racional para isso.

Dr. Anton Titov, MD: É muito importante ouvir isso de um verdadeiro especialista, como é o seu caso.