Entre 20% e 40% dos pacientes com epilepsia recebem um diagnóstico incorreto. Pseudocrises epilépticas psicogênicas. Síncope. 4

Entre 20% e 40% dos pacientes com epilepsia recebem um diagnóstico incorreto. Pseudocrises epilépticas psicogênicas. Síncope. 4

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Especialista de referência no diagnóstico e tratamento da epilepsia, a Dra. Tracey Milligan, MD, explica que entre 20% e 40% dos pacientes recebem erroneamente esse diagnóstico. Síncopes e crises não epilépticas psicogênicas estão entre as condições mais comuns que mimetizam crises epilépticas reais. O diagnóstico preciso é fundamental, uma vez que as abordagens de tratamento são completamente distintas. Muitas vezes, é necessário realizar monitoramento por vídeo-EEG para confirmar o quadro. Um diagnóstico incorreto pode resultar na administração desnecessária de medicamentos e na falta de identificação de problemas cardíacos graves.

Erro no Diagnóstico de Epilepsia: Identificando Síncope e Crises Não Epilépticas Psicogênicas

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Condições que Mimetizam Epilepsia

O diagnóstico de epilepsia frequentemente é incorreto, com estudos indicando que 20 a 40% dos pacientes recebem um diagnóstico equivocado. A Dra. Tracey Milligan, MD, ressalta que diversas condições apresentam sintomas idênticos aos das crises epilépticas, conhecidas como condições miméticas. Os erros mais comuns envolvem síncope e crises não epilépticas psicogênicas. Identificar corretamente essas condições é fundamental para o tratamento adequado.

Síncope vs Epilepsia

A síncope, ou desmaio por redução do fluxo sanguíneo cerebral, é uma das principais condições confundidas com epilepsia. A Dra. Tracey Milligan, MD, explica que a hipóxia cerebral durante um episódio de síncope pode provocar movimentos anormais, que se assemelham a uma crise epiléptica tônico-clônica. Além disso, arritmias cardíacas também podem causar perda súbita de consciência, simulando uma crise. Deixar de diagnosticar uma condição cardíaca pode ser fatal, como destaca o Dr. Anton Titov, MD, em discussão com a Dra. Tracey Milligan, MD.

Crises Não Epilépticas Psicogênicas

As crises não epilépticas psicogênicas (CNEP) são outra causa significativa de erro diagnóstico. A Dra. Tracey Milligan, MD, descreve as CNEP como um transtorno conversivo no qual o estresse psicológico se manifesta fisicamente. O paciente perde completamente a consciência durante esses eventos, que não estão sob seu controle voluntário. O tratamento é feito com psicoterapia, e não com medicamentos antiepilépticos. A Dra. Tracey Milligan, MD, observa que até 50% dos pacientes em Unidades de Monitoramento de Epilepsia podem ter CNEP.

Desafios no Diagnóstico

Distinguir a epilepsia verdadeira de suas condições miméticas exige avaliação especializada e tecnologia avançada. A Dra. Tracey Milligan, MD, afirma que a monitorização por vídeo-EEG é frequentemente necessária para um diagnóstico definitivo. Esse exame registra a atividade cerebral durante um evento para confirmar sua natureza epiléptica. O diagnóstico de CNEP é particularmente desafiador devido à aparência autêntica dos eventos. O Dr. Anton Titov, MD, e a Dra. Tracey Milligan, MD, concordam que esses episódios ocorrem de forma subconsciente, mesmo sob observação.

Importância do Diagnóstico Correto

Um diagnóstico preciso evita que os pacientes recebam tratamentos inadequados e potencialmente nocivos. Prescrever medicamentos antiepilépticos potentes para CNEP ou síncope é ineficaz e expõe os pacientes a efeitos colaterais. Por outro lado, deixar de diagnosticar uma arritmia cardíaca perigosa pode ter consequências fatais. A Dra. Tracey Milligan, MD, enfatiza que o objetivo é garantir que o paciente receba o cuidado adequado para sua condição específica.

Transcrição Completa

Dra. Tracey Milligan, MD: As crises podem se apresentar de forma muito típica, como epilepsia tônico-clônica. Mas a epilepsia pode ser confundida com sintomas de outras doenças. A apresentação de algumas crises epilépticas pode ser muito diferente de uma crise tônico-clônica típica.

Um estudo clínico do Reino Unido mostrou que 20 a 30% dos pacientes com epilepsia podem ter sido diagnosticados erroneamente. Muitos desses pacientes têm síncope cardiovascular. Seus movimentos anormais são causados por hipóxia cerebral.

Várias doenças são difíceis de diferenciar da epilepsia com base apenas na clínica.

Dr. Anton Titov, MD: Quais problemas médicos podem se passar por epilepsia? Como garantir que o diagnóstico diferencial na suspeita de epilepsia seja feito corretamente?

Dra. Tracey Milligan, MD: Sim, com certeza! A síncope é um dos problemas mais comuns diagnosticados erroneamente como epilepsia. Os pacientes podem perder a consciência devido à falta de fluxo sanguíneo para o cérebro. Pode parecer que estão tendo uma crise epiléptica, mas não é.

É o que chamamos de condição mimética. Porque, ao observar o paciente, parece uma crise epiléptica. Se registrarmos as ondas cerebrais naquele momento, veremos que não é uma crise epiléptica. Apenas se parece com uma!

Isso é muito importante. Há muitas razões pelas quais os pacientes podem perder a consciência ou desmaiar. Algumas são causas benignas, como desmaiar ao ver sangue. Pode parecer uma crise epiléptica, mas é uma simulação.

Dr. Anton Titov, MD: Mas há causas mais graves.

Dra. Tracey Milligan, MD: Sim, que podem fazer o paciente perder a consciência. Por exemplo, uma arritmia cardíaca pode ser fatal. Não podemos deixar de diagnosticá-la. É tratada de forma muito diferente, mas a arritmia pode simular uma crise epiléptica. A perda de consciência por um problema cardíaco pode ser idêntica a uma crise.

Outro erro comum é a crise não epiléptica psicogênica. Ocorre quando os pacientes têm um transtorno conversivo. A crise faz com que o paciente fique inconsciente, mas é resultado de estresse interno ou histórico de estresse.

O transtorno conversivo se manifesta e se assemelha à epilepsia. Os pacientes parecem estar tendo uma crise, mas o tratamento é muito diferente: é feito com psicoterapia, não com medicamentos antiepilépticos potentes.

Às vezes, a crise psicogênica requer monitorização por vídeo-EEG para o diagnóstico correto, pois pode ser muito similar à crise epiléptica. Alguns pacientes com diagnóstico de epilepsia não respondem aos medicamentos antiepilépticos. É crucial, então, considerar essas condições miméticas.

Dr. Anton Titov, MD: O diagnóstico diferencial deve incluir síncope e eventos psicogênicos.

Nos eventos psicogênicos, os pacientes têm algum controle sobre o início da atividade similar à crise? Essa suposição tem relevância? Quando monitorados, será que não têm o evento porque sabem que estão sendo observados? Ou há gatilhos psicológicos que impedem a ocorrência?

Como funcionam as crises psicogênicas?

Dra. Tracey Milligan, MD: Muitos pacientes têm dificuldade em entender as crises psicogênicas. Mas elas são completamente subconscientes. Não estão sob o controle do paciente. Ninguém as provoca intencionalmente.

Por isso, as vemos em nossa Unidade de Monitoramento de Epilepsia. É um diagnóstico importante. Queremos realmente diagnosticar as crises não epilépticas psicogênicas para ajudar o paciente a melhorar. Não é algo controlável.

50% dos pacientes em nossa Unidade têm crises psicogênicas. Cada pessoa manifesta o estresse fisicamente de forma diferente. Podemos nem sentir o estresse ou reconhecê-lo, mas ele se manifesta como um problema físico.

As crises psicogênicas são uma manifestação grave de estresse atual ou passado. 40% dos pacientes com diagnóstico de crise em uso de medicamentos para epilepsia têm o diagnóstico errado. Muitas vezes, não têm epilepsia. É necessário expertise para diagnosticar corretamente pessoas com crises aparentemente epilépticas.

Pseudocrises psicogênicas e condições cardíacas podem mimetizar perfeitamente crises epilépticas, incluindo arritmia e síncope vasovagal.